Arroba Combatendo Machismo


Terminei de ler o livro "A dominação masculina" de Pierre Bourdieu, há quatro dias. Este livro, importante para que eu entenda a moralidade sexual em nossa sociedade, me esclareceu bastantes elementos acerca do tema que ele propõe - bem explícito no título.

A repressão à ocupação feminina nos diversos espaços públicos da sociedade vem de uma relação histórica, costruída socialmente, e transformadora das relações entre os indivíduos e seu corpo, necessariamente com relação às diferenças biológicas entre seus sexos.

As mulheres, nesta construção histórica, estariam submetidas à reclusão, e tal reclusão é revelada nas atitudes tidas como femininas, que revelam a necessidade de elas ocuparem pouco espaço (pernas fechadas, movimentos discretos, postura reclusa... enfim, aqueles trejeitos que são característicos de uma mulher feminina). Enquanto que os homens seriam o mais expansivos possíveis, ocupando muitos espaços em seu comportamento.

Estive partilhando com minha irmã Zânia as novas coisas que aprendi na leitura deste livro, e que esclarecem muito do que vivemos em nossa sociedade e percebemos que mais permanências do que rupturas formam a estrutura social em que vivemos.

Outrora já havíamos falado sobre a "moda" nos meios acadêmicos do cumprimento, nos inícios de conferências, palestras, ou qualquer outra explanação pública, onde as pessoas se sentem obrigadas em dizerem "Boa tarde (dia ou noite) para todos e para todas". E eu, em minha praticidade, dizia que quando eu falo em público, me limito simplesmente a dizer "Boa tarde" e para mim isto já basta para que todos se sintam cumprimentados.

É interessante perceber isso nos meios acadêmicos. Um gesto banal e nada prático, para se manter uma aparência absurda, pois sabemos que o machismo, o preconceito racial, a homofobia e o elitismo exacerbado, dominam profundamente as idéias do ambiente universitário. Dessa forma, meu "boa tarde" expressa um repúdio a tal hipocrisia! Sou de aderir a atitudes verdadeiramente efetivas, não em brincar de ser "cabeça liberta"!

No meio desta mesma conversa, quanto aos cumprimentos públicos na academia, também falamos que a estrutura gramática de nossa língua, também é bastante machista, pois nas generalizações tende a englobar homens e mulheres (masculino e feminino) no masculino. Aí me lembrei do uso do símbolo @ (arroba) para mitigar o machismo gramático da língua portuguesa ao menos na expressão escrita. A arrouba serviria, pois, para designar tanto o masculino como o feminino em adjetivos ou substantivos: "Boa tarde para tod@s".

Bem, não sei se isso já é regra e já pode ser utilizado devidamente, mas já vi em outdoors e na programação do ERECS (Encontro Regional de Estudantes de Ciências Sociais), quando este foi cediado na Parahyba.

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