Não raro me vejo ou vejo pessoas do meu convívio estressadas,
tristes, cabisbaixas, por conta de outras pessoas do seu trabalho, da sua casa,
do seu grupo de amigos, do seu relacionamento.
Fico admirado com a capacidade que temos de elevar ou de
arruinar os humores, o dia-a-dia e, a vida uns dos outros.
Eu, particularmente, me vejo, muitas vezes, nos dois lados
dessa relação. Se, por um lado, não tenho papas na língua para apontar o que me
incomoda, para infligir algum desconforto com alguma atitude que me desagrada,
de não ser muito simpático em determinadas ocasiões. Por outro, sou, às vezes,
como uma esponja para captar as energias negativas e os gestos e palavras
destrutivos que lançam contra mim.
Sei bem que não é diferente com a maioria das pessoas,
situando-se mais num ou noutro lado.
Quem está do lado que inflige a dor, se sente poderoso e
pouco pondera o peso de seus gestos e palavras, mas quando estamos do outro
lado é que percebemos o quão dolorosos são.
Bem, por mais que queiramos evitar, sobretudo sermos os que
sofrem pela culpa de alguém, sabemos que é possível se podar e tentar infligir
menos os outros. Creio que a maioria das filosofias de vida, místicas ou não,
estão em acordo que o que desejamos e fazemos ao outro, recebemos em quantidade
multiplicada, posteriormente.
Mas como agir ou reagir ante ao que nos infligem?
Creio que a resposta está na seguinte reflexão: a quem eu me
alio? Ou melhor: a quem dou importância?
Muitas vezes absorvemos as más energias que lançam contra
nós, porque estamos dando prioridade excessiva ao que falam ou fazem conosco. E
isto é algo controlável. Dou importância maior àqueles que me amam, que me
querem por perto, que me reconhecem como importante, que admiram meus talentos,
ou prefiro levar à última instância aqueles que fazem o contrário, e, me trazem
algum sofrer?
Você pode pensar: ah, é muito fácil dizer, mas na prática, a
coisa é outra!
Sim, em nenhum momento eu prometi facilidade e nem é assim
que a vida funciona. Como teríamos oportunidade de crescimento, de
amadurecimento, se as coisas fossem facilmente conseguidas? Esse é o desafio da
vida: a nossa superação. E superar o modo como lidamos com as forças
destrutivas que nos acometem é algo desafiador e que nos traz imensa sensação de
satisfação, de orgulho por si, de autoestima e de forças para seguir.
Portanto, vejo que uma das alternativas mais eficazes para
lidar com essas situações que nos angustiam, é justamente deixar quentes as
coisas boas que tenho, as boas pessoas que posso contar, os motivos que tenho
para ser feliz (que são incontáveis). Por que não buscar momentos de alegria
com aqueles que valem a pena, quando as forças da tristeza, da melancolia, da
angústia estão me sugando para o abismo? Por que não procurar saber como está
aquela pessoa que você ama tanto, mas nunca mais falou? Por que não mostrar
para você mesmo o quanto é importante, ajudando aqueles que se oferecem para
serem ajudados? Por que não investir de algum modo naquilo que você enxerga
como talento ou qualidade sua? Por que não fugir daquela rotina, daquele
ambiente, na medida do possível, e ir em busca daquelas emoções e sentimentos
que estão em baixa no momento? Por que não vestir aquela roupa que você acha
que te valoriza? Por que não se presentear com algo que talvez lhe distraia,
lhe traga momentos de alegria? Por que não fazer uma declaração de amor par
você mesmo? Por que não fazer poesia, música, crônica... jogar no papel aquela
carga de sentimentos negativos dos quais você quer se libertar? Por que não
fazer um exercício físico, esgotar suas energias em um passeio, ou fazer algo
inusitado?
Bem, são inúmeras as coisas que podemos fazer para não se
deixar levar pela onda de destruição que tenta nos afogar constantemente. Mais
uma vez, repito que não é fácil. Mas digo convicto que a cada hora se torna
mais difícil se eu não busco dar o primeiro passo ou se eu nem quero enxergar
possibilidades ou alternativas para a superação!
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