Estamos no tempo das massas!
Ao nosso redor estão coisas que nos pertencem ou nos são
familiares mas que não são únicas. Têm pares, têm incontáveis pares...
A cadeira em que me sento, o computador em que escrevo, a
mesa que apoia meu computador, o alimento que como, a roupa que me cobre...
haverá algo que escape a essa lógica moderna?
Convenço-me cada vez mais que não!
Não me coloco aqui como saudosista, desejoso do retorno da
produção artesanal. Lamento-me por constatar que seres únicos, desejam ser
massa! Pessoas, concebidas de forma única, de personalidade única, de código
genético único, simplesmente tornaram démodé
o exclusivismo!
Desejam os mesmos corpos, a mesma mente, o mesmo estilo de
vida, os mesmos consumos... Desejam o mesmo o tempo inteiro!
O frustrante de tudo isso é que desejam coisas que estão aí,
disponíveis em excesso! Coisas que sobram (sobras nunca me soaram bem ou boas)!
Coisas que praticamente todos podem ter!
Democratização das posses?
Não! Simplesmente um surto de mediocridade!
Estão cegas as pessoas de então, crendo que o que é valioso
é o existe em fartura, quando, na verdade, o que é raro é o que tem verdadeiro
valor! E nem falo em joias preciosas, falo sobretudo de pessoas!
Há grande hostilidade ao que é diferente, há grande desprezo
ao que é original. Os descolados de hoje são os que usam pouco o cérebro e
seguem as tendências...
Não percebem que todos esses padrões são criados justamente
por aqueles que querem ser únicos! Não percebem que fazem parte de uma classe
que ostenta aquilo que todos têm (e qual é o sentido da ostentação nesse
caso?).
Assim encerro, tristemente! Lamentando e deveras incomodado
com a massa acéfala que me rodeia e que me tenta absorver...

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