A Direita e a Morte

O discurso daquelas/es que se posicionam politicamente como de direita, não é novidade, é carregado de contradições, entretanto, uma delas me chama atenção com mais intensidade: o discurso sobre a morte.
O primeiro ponto desse discurso é tratar a morte como algo negativo. A morte seria a principal causa para incriminar modelos socialistas e comunistas. E como representação emblemática desse argumento está o conhecido “Livro negro do comunismo”, que aponta números de mortes causadas por regimes comunistas.
Daí, a máxima da direita (ou pelo menos da extrema) é que COMUNISMO MATA!
O contradiscurso para essa máxima é fazer um balanço das mortes causadas pelo capitalismo ao longo da história, pela fome, pelos tráficos, pelos acidentes automotivos, pela violência urbana, pelas guerras etc. Mas meu objetivo aqui não é esse. Afinal, o foco é como a direita pode mudar sua forma de “encarar” a morte.
Ora, quem se depara com esse insistente argumento de que o comunismo é ruim, porque mata, logo pode concluir que a morte seria considerada pela direita como ruim. Mas não é!
Assim como outros argumentos colocados dentro de uma relação maniqueísta, o discurso da morte também está sujeito a contextualizações oportunistas.
É assim que podemos contemplar a morte como algo bom e necessário quando ela está relacionada com os interesses de grupos hegemônicos.
“Bandido bom, é bandido morto”. Não é assim que se diz? Mas de que bandido se fala? Esse bandido tem endereço, renda, escolaridade e cor. Não é todo bandido morto que é bom, mas aqueles que são ideologicamente considerados como inimigos públicos. A morte desses “bandidos”, não passa de uma higienização social. Mas o discurso muda quando o tipo de crime é refinado ou dependendo de quem o comete – mesmo que ele tenha consequências sociais muito mais graves do que os crimes cometidos pelos “bandidos que seriam bom se estivessem mortos”.
A morte também é muito negativa se estivermos falando em abortos. “Que crueldade, tirar a vida de seres indefesos! Por que não se pensou nas condições de tê-lo no momento de fazê-lo?”.
Nesse caso, a vida de um feto deve ser preservada porque é dom sagrado, mas a vida de uma mulher que por algum motivo não tenha condições de ter aquele filho é considerada como menos sacra.
Sim, mais uma vez estamos diante de uma seleção do que é considerado como criminoso ou não. Pois bem! Criminosa é a mulher que, sem condições financeiras, faz um aborto clandestino e chega em uma unidade de emergência com alguma complicação, mas a mulher branca, de classe abastada, bem instruída não passa pelo crivo do crime. Continua imaculada, porque pôde contratar serviços de aborto de maneira clandestina.
No final das contas, criminalizar o aborto não deixa de ser punição para mulheres específicas. E elas morrerão com hemorragias ou outros problemas de saúde por temerem olhares e julgamentos quando forem pedir ajuda. Nesse caso, a morte é bem-vinda.
A morte ainda é boa quando tocamos em assuntos como pena de morte, direitos da população carcerária, diminuição da maioridade penal, justiça com as próprias mãos, Estado mínimo, programas de distribuição de renda etc.

Pois é! A morte pode ser muito boa, desde que não seja provocada por nenhum comunista!

Comentários

panfylamacario disse…
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