CULPA DO COMUNISMO! (E essa Guerra Fria que não acaba?)

Nesta segunda parte da série "culpa do comunismo", falaremos um pouco sobre o que foi a Guerra Fria e do seu famigerado legado.

Fonte da Imagem: https://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xx/guerra-fria.htm


Após a II Guerra Mundial, por entre 1946-7, começou-se a falar em uma nova guerra.
A chamada Guerra Fria recebe essa denominação por ser diferente do que até então a humanidade havia concebido como uma guerra: com tropas, armas, mortes, terror!
A Guerra Fria não tinha o calor do embate, do sangue derramado, do medo e outros calores que poderíamos pensar como característicos de um processo beligerante. Ela era fria porque a disputa agora era feita de modo distanciado, porque era uma guerra que buscava cindir o mundo em dois blocos: o capitalista e o socialista.
Essa disputa era protagonizada pelos Estados Unidos, obviamente do lado capitalista, e pela União das Repúblicas Socialista Soviéticas, também obviamente, do lado socialista.
Os dois lados da moeda buscavam estabelecer ou conquistar seus domínios no Globo. Um dos símbolos dessa disputa foi o Muro de Berlim, que representava bem o cisma entre o lado capitalista e  o socialista. Basicamente, o lado capitalista de Berlim era caracterizado pelos altos salários, a grande sedução do capitalismo, que faz grande parte das/os oprimidas/os sonharem com seu triunfo como opressoras/es. Já o lado socialista contava com moradias baratas, saúde, educação, dentre outros serviços públicos, geridos pelo Estado - o que também não deixa de ser uma sedução, mesmo em meio ao capitalismo, mas que, dificilmente as pessoas conseguem enxergar que o livre comércio e o Estado mínimo não podem proporcionar.
Ergue-se o muro de Berlim, porque a situação de pessoas com altos salários, do lado de lá, mas desfrutando dos serviços do lado de cá, tornava a conjuntura insustentável.
Assim, EUA e URSS foram disputando espaços territoriais que lhes fossem sensíveis e parceiros a cada uma de suas causas. E essa conquista se dava em troca de apoio ideológico, financeiro e armamentístico.
Com relação a esse último apoio, cabe ressaltar que foi a parte mais sombria e imperdoável da Guerra Fria.
Os dois blocos, irresponsavelmente, fortaleceram o sentimento de terror ao redor do mundo, mesmo sem que os corpos da II Guerra tivessem ao menos esfriado, por meio da disputa armamentística nuclear.
Até então os Estados Unidos monopolizavam o poderio nuclear, mas a União Soviética, ao invés de se opor a este lado perverso do capitalismo, preferiu demonstrar força na letra da violência capitalista.
Ambos os lados ajudaram a reconstruir ou a libertar nações, obviamente que, sob o preço da cooptação de sua disputa.
Ponto importante para o fim da Guerra Fria foi o plano de reestruturação do socialismo soviético, de autoria e de condução de Mikhail Gorbachov, chamado Perestroika, que se propunha a realizar uma revolução na revolução, desfazendo-se dos elementos insustentáveis trazidos pelo período do stalinismo. Assim, democratizar o regime, estabelecer uma política de transparência e refazer as relações internacionais, sobretudo, findando a Guerra Fria, eram propostas desse novo trajeto que os líderes da URSS se propunham, propunham às/aos seus/suas concidadãs/ãos e ao mundo.
Finda-se a Guerra Fria por entre meados da década de 1980 e início da de 1990, mas permanece uma divisão ideológica de sistemas sociopolíticos e econômicos, que é a inacabável disputa entre capitalismo e comunismo. E essa concorrência não se situa apenas entre teóricas/os, simpatizantes e militantes. Ela permanece, sobretudo, na incansável cisma da classe política, que se coloca do lado capitalista.
Sabotagens, espionagens, financiamentos, guerras, ataques, regimes ditatoriais (apesar das potências capitalistas se colocarem como guardiãs morais dos princípios democráticos), dentre outras estratégias, continuam ativas e a todo o vapor, sobretudo nos países em desenvolvimento e na periferia socioeconômica mundial, em que toda e qualquer nação é simplesmente impedida, desgastada, embargada e bloqueada de se (re)construir com alternativas socioeconômicas não-capitalistas ou que as tirem do controle hegemônico dos centros capitalistas vigentes.
As/os ideólogas/os do capitalismo, apesar de se revestirem do discurso de liberdade, de a colocarem como lema e princípio, são cruéis e descaradas/os para se desfazerem desta capa, quando o assunto é a manutenção do seu domínio, mesmo que, desavergonhadamente, o capitalismo seja insustentável de vários pontos de vista: ambiental, econômico, humano, político etc. Mesmo que, desde o soterramento definitivo do modo de produção feudal, não consiga cumprir suas promessas de liberdade, igualdade, fraternidade.
Não, o capitalismo não é um estágio natural ao qual nós chegamos despretensiosamente. E nem tampouco o seu fim será alcançado de maneira natural. Ele é construção daquelas/es que se colocaram como dominantes ao longo da história desse modo de produção. Ele é manutenção constante de suas estruturas por meio de seus/suas beneficiárias/os. Ele não é por si só, nada. Mas é sim, o constante resultado de cabeças, mãos e poderes que não baixam a guarda para proteger seus privilégios!
Por fim, cabe a nós, críticas/os e reféns do sistema, responder a nós mesmas/os: quando essa Guerra Fria (e Pervera) acaba?

Sugestão de leitura:

RIBEIRA, Ricardo. A Guerra Fria: breves notas para um debate. Novos Rumos, Marília, v. 49, n. 1, p. 87-106, jan./jun. 20012.

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