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Mostrando postagens de 2016

MEDO

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Ó medo, instinto e construção minha, Quanto de mim não seria sem ti! Se o tenho em fartura, me ponho acovardado, Se de ti careço, me ponho insano! Temo coisas novas, que pequeno, não previa. Termor não tenho do muito que tive outrora. Mas há ainda muita colheita de frutos teus. Coisas que não aprendi encarar, Medos que me farão par na sepultura. Há medos que não admito ter E há medos que nem sei que tenho. Há, porém, os que não me conformo em ter. Esses nutrem-se de sono meu, Esses fazem-me bem ver, Onde estou ou posso ir, Se altivo ou cabisbaixo, Apressado ou tranquilo, A duras penas ou suave... Como fui, sou, estarei... Tudo depende de como te olho ou te desvio olhar. Se te encaro, me esquivo ou dramatizo. Se simplesmente te tenho ou se tenho medo de ter-te!

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

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Felicidade não consiste em um sorriso, uma euforia ou um momento de alegria. Não se pode expressá-la em uma fotografia, em um gesto, uma palavra ou em qualquer aparência. Felicidade é uma condição espiritual muito complexa e, provavelmente, indemonstrável, inefável, incondensável, inexprimível... Não se pode estar feliz, pois "estar" manifesta o transitório. Só se pode SER FELIZ, pois essa condição demanda uma decisão. Tal decisão consiste em longo caminho cheio de descontinuidades, como em toda caminhada. Nessa estrada há tropeços e acertos, tempestades e bonanças, temor e confiança, choro e sorriso, dor e deleite, sofrer e gozo, recolhimento e convivência... Ora a passos largos, ora a passos tímidos. Mas nunca na ausência deles, pois parar é desistir de viver e não há felicidade sem vida. E não há vida sem dialética. Felicidade é a síntese da dialética da vida!

DESCULPA, CARMEN, MAS VOCÊ É PRESIDENTA!

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Muita gente se incomodou com a exigência de Dilma Rousseff em ser chamada de PRESIDENTA. A torto e a direito vi pessoas utilizarem a situação para expelir seu ódio. "É muito burra"; "não está preparada para o cargo". Eu, particularmente, confesso que achava que presidente era um substantivo comum de dois gêneros, mas em nenhum momento me incomodei com o uso "errado" da palavra, porque acredito que rompendo com as estruturas linguísticas também podemos romper com estruturas psíquicas e socioculturais. Ora, se a língua é fundamental para o exercício do pensamento e da reflexão e se Dilma estava promovendo uma mudança de rumo nessas esferas isso, SOBRETUDO PARA AS MULHERES, deveria ser motivo para apoio. O que acontece é que o caso é mais grave do que parece. O termo PRESIDENTA está presente no "Dicionário Cândido de Figueiredo" desde 1899 e, antes disso, já era utilizado por Machado de Assis em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de 1

Deus não quer boicote, quer AMOR

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Se olharmos com sensibilidade para as narrativas bíblicas, percebermos que, desde o judaísmo, Deus promete libertar Israel da escravidão, do domínio de outros povos e mesmo de pessoas sobre pessoas. E sempre, os oportunistas não perdem a oportunidade de introduzir uma nova forma de opressão. A história judaico-cristã se dá nessa dialética entre libertação e opressão. Nos nossos dias, com a Babel de cristianismos, são muitas as promessas de libertação, mas bem mais numerosas as formas de opressão. O Jesus que andava com os cobradores de impostos, com as adúlteras, com os pobres, que dava valor às criancinhas, aos leprosos, aos doentes e atormentados por várias causas, sucumbe ao jesus chantagista, que pede obediência e ameaça com o inferno. Do pouco que conheço da Bíblia, nunca vi Jesus prometer inferno a ninguém, mas sempre seduzir para o Reino de Deus. Do pouco que conheço da Bíblia, sempre vi Deus escolher os que pareciam ao mundo, menos capazes. E seus escolhidos não era na

TRABALHEM!

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As revoluções burguesas foram movidas pelo incômodo com a legitimidade do poder político conferido à nobreza. A política deveria ser dominada por quem fazia parte de uma linhagem especial. Como vivia a nobreza? Luxando às custas do trabalho do povo. Seus trabalhos eram a caça, os saraus, as guerras... A nobreza não sabia o que era trabalhar para ter. A burguesia sabia bem. Conhecia tanto o poder do trabalho, que se empenhou por deslegitimar o poder político adquirido pela linhagem. Sangue derramado, cabeças arrancadas. A burguesia toma o poder! Ora, logo, fazendo as coisas funcionarem conforme sua vontade, a burguesia perde o tempo (passa a se ocupar com a manutenção da situação favorável) e o gosto para o trabalho. Se é possuidora dos meios para produzir, não precisa degenerar suas forças no trabalho. Trabalhem aqueles que nada têm! Trabalhem e mantenham nossas riquezas. Trabalhem, trabalhem, trabalhem... Pois são vagabundos todos os que não contribuem para a manutenção da ordem